lenta, seria vista (mas com esperança) da vida dos pobres no nordeste do Brasil
O filme começa e termina com quase a mesma cena: um homem, uma mulher, seus dois meninos, andando a pe. No tempo entre o começo e ao final, as vezes a vida melhora (o homem acha um trabalho de vaqueiro) e piora (o homem vai para a carcere por causa de um policial corrupto), mas a fundação, o permanente na vida da família, é o andar, o procurar alguma coisa, tomara que seja uma coisa melhor mas pelo menos algumas coisa. E se a melhorias não permanecem, pelo menos também não permanecem os azares da vida, porque a familia está determinada a sobreviver, seja qual seja o custo. O filme bem apresenta a perspectiva de todos na familia: a desesperação do homem quando a policia e os políticos se aproveitam dele, a desesperação quieta da mulher enquanto tenta manter a família comendo, o aborrecimento das crianças. Este último se reflete no fato de que se fala pouco no filme: de que há de falar?
Na última parte deste filme, uma das crianças pergunta para sua mãe: Como é o inferno? É um lugar para onde vão os condenados, cheio de fogueira, espeto quente. Uns momentos depois, o menino olha para o mundo em volta dele e observa: Inferno. Logo sua mãe sai a recolher agua de uma poça patética. Inferno.
Mas apesar de tudo, a familía acha esperança. Depois de tudo, há uma grande diferença entre a cena inicial e a final. Ao final, depois de achar e deixar um trabalho, de receber abuso da polícia, a mulher e seu homen andam falando do futuro, da possibilidade de – algum dia – de dormir numa cama de couro. De – como disse a mulher – ser gente.
Nota de conteúdo: Este filme se pode assistar por qualquer idade. Agora bem, provavelmente as crianças (e alguns dos adultos) vão dormir pela lentidão do filme, mas pelo menos não vão se ofender.
mt bom esse resumo