resenha do livro: O Clube dos Anjos, por Luis Fernando Veríssimo

prontos a morrer pela gula: mas pelas mãos de quem?

Faz muitos anos, Daniel é membro de um clube de amigos que se reúne uma vez ao mês para comer.  São aficcionados pela comida fina.  Começaram como jovens, todos com dinheiro e possibilidades, e continuaram enquanto cada um deles desperdiçava suas oportunidades e deixaram suas vidas em alguma forma de ruinas.  Já o clube está a ponto de dissolver depois de traições e brigas.  Mas Daniel se encontra com um estrangeiro misterioso – um tal Lucídio – que oferece cozinhar ao grupo.  Se reúnem, e no próximo dia, um dos membros aparece morto!  Foi por causa da comida?  Ninguém sabe, pelo menos até o próximo jantar.   Segue um conto de vinganza, de ira, e – mais que nada – de gula.

Este romance é criativo, com a prosa interessante e entretido que já esperamos de Veríssimo.  Não achei o misterio tão entretido como Borges e os Orangutangos Eternos (pelo mesmo autor).  Mas talvez se trata de questões até mais fundamentais da natureza humana.  Eu o recomendo.

Gostei desta passagem:

– Por que ele está nos envenenando?

– Você não está fazendo a pergunta certa.

– Qual é a pergunta certa?

– Por que nós estamos nos deixando envenenar?

Nota sobre o conteúdo:  Ocorrem alguns assassinos (todos menos um “fora da tela”).  Também Daniel, o narrador, fala de uns contos que ele escreveu sobre umas xifópagas lésbicas, mas a dizer verdade, é suficientemente absurdo para ficar pouco gráfico ou ofensivo (a menos que o leitor seja uma xifópaga lésbica – quero dizer – sapatão; em tal caso, talvez não gosta dessa parte).

resenha do livro “Borges e os Orangotangos Eternos”, por Luis Fernando Veríssimo

For my English-speaking readers, this Brazilian novel was hilarious, and it has been translated into English: Borges & the Eternal Orangutans.  Imagine putting Borges and other like-minded intellectuals in charge of a murder mystery.  Radical!

muito engraçado mistério de assassínio misturado com a sátira aguçada do intelectualismo esotérico: a combinação perfeita

Vogelstein, um tradutor e escritor de pouca importância (e muito admirador de Jorge Luis Borges) quem mora em Porto Alegre, Brasil, viaja até Buenos Aires, Argentina, para participar numa conferência internacional sobre a obra de Edgar Alan Poe. Os acadêmicos e intelectuais lá tem sentimentos muito fortes sobre seu trabalho (e ums contra outros), até com ameaças de morte. Uma noite, o acadêmico mais odiado é encontrado morto dentro do seu apartamento. O detetive policial para o caso é amigo de Jorge Luis Borges, o autor argentino as veces dificil de decifrar, então o detetive o convida a Borges a ajudar a resolver o mistério. O que segue é uma sátira hilariante do intelectualismo, enquanto Borges e Vogelstein tentam decifrar os fios na cena do homicídio: É que o corpo tinha forma da letra “X” quando foi encontrado? Então o assassino tem nome que começa com X? Mas num livro de Poe o “X” simboliza a letra “O”, então acaso ten nome com “O”? E que das cartas de baralho deixada na mesa? Et cetera… Eu não conseguí adivinhar a conclusão em nenhum momento!

Você realmente não precisa conhecer muito de Borges para apreciar este livro.  (Li um livro de contos de Borges faz 15 anos.)  Imagino que o apreciaria até melhor se o conhecesse melhor, mas só com conhecer a ideia de Borges (o até do inteletualismo desenfreado) é suficiente para achar esta novela completamente absurda e hilariante.

Eu a recomendo por completo. Vou presentear o livro a varios amigos, e já comecei outro livro de Veríssimo.

Nota sobre o conteudo: Uma das personagems do livro tem sexo, e a cena menciona a existência dos seios (mas além disso não é muito explícito). Também uma das personagems mais odiosas do livro expressa uma opiniões racistas.