resenha do livro: O Clube dos Anjos, por Luis Fernando Veríssimo

prontos a morrer pela gula: mas pelas mãos de quem?

Faz muitos anos, Daniel é membro de um clube de amigos que se reúne uma vez ao mês para comer.  São aficcionados pela comida fina.  Começaram como jovens, todos com dinheiro e possibilidades, e continuaram enquanto cada um deles desperdiçava suas oportunidades e deixaram suas vidas em alguma forma de ruinas.  Já o clube está a ponto de dissolver depois de traições e brigas.  Mas Daniel se encontra com um estrangeiro misterioso – um tal Lucídio – que oferece cozinhar ao grupo.  Se reúnem, e no próximo dia, um dos membros aparece morto!  Foi por causa da comida?  Ninguém sabe, pelo menos até o próximo jantar.   Segue um conto de vinganza, de ira, e – mais que nada – de gula.

Este romance é criativo, com a prosa interessante e entretido que já esperamos de Veríssimo.  Não achei o misterio tão entretido como Borges e os Orangutangos Eternos (pelo mesmo autor).  Mas talvez se trata de questões até mais fundamentais da natureza humana.  Eu o recomendo.

Gostei desta passagem:

– Por que ele está nos envenenando?

– Você não está fazendo a pergunta certa.

– Qual é a pergunta certa?

– Por que nós estamos nos deixando envenenar?

Nota sobre o conteúdo:  Ocorrem alguns assassinos (todos menos um “fora da tela”).  Também Daniel, o narrador, fala de uns contos que ele escreveu sobre umas xifópagas lésbicas, mas a dizer verdade, é suficientemente absurdo para ficar pouco gráfico ou ofensivo (a menos que o leitor seja uma xifópaga lésbica – quero dizer – sapatão; em tal caso, talvez não gosta dessa parte).