prontos a morrer pela gula: mas pelas mãos de quem?
Faz muitos anos, Daniel é membro de um clube de amigos que se reúne uma vez ao mês para comer. São aficcionados pela comida fina. Começaram como jovens, todos com dinheiro e possibilidades, e continuaram enquanto cada um deles desperdiçava suas oportunidades e deixaram suas vidas em alguma forma de ruinas. Já o clube está a ponto de dissolver depois de traições e brigas. Mas Daniel se encontra com um estrangeiro misterioso – um tal Lucídio – que oferece cozinhar ao grupo. Se reúnem, e no próximo dia, um dos membros aparece morto! Foi por causa da comida? Ninguém sabe, pelo menos até o próximo jantar. Segue um conto de vinganza, de ira, e – mais que nada – de gula.
Este romance é criativo, com a prosa interessante e entretido que já esperamos de Veríssimo. Não achei o misterio tão entretido como Borges e os Orangutangos Eternos (pelo mesmo autor). Mas talvez se trata de questões até mais fundamentais da natureza humana. Eu o recomendo.
Gostei desta passagem:
– Por que ele está nos envenenando?
– Você não está fazendo a pergunta certa.
– Qual é a pergunta certa?
– Por que nós estamos nos deixando envenenar?
Nota sobre o conteúdo: Ocorrem alguns assassinos (todos menos um “fora da tela”). Também Daniel, o narrador, fala de uns contos que ele escreveu sobre umas xifópagas lésbicas, mas a dizer verdade, é suficientemente absurdo para ficar pouco gráfico ou ofensivo (a menos que o leitor seja uma xifópaga lésbica – quero dizer – sapatão; em tal caso, talvez não gosta dessa parte).